Reminiscências de um Gago em seu Exílio 34: Encontros e desencontros de uma viagem que mudou minha vida.

Olá pessoal tudo bem? Desculpa ter sumido por um tempo, mas eu precisava parar um pouco para pensar na Reminiscência desse mês. E feito isso resolvi lhes contar uma história bem recente, lembram que ano passado eu tive que ir para Natal ficar com a minha avó? Pois é, foi essa viagem que mudou a minha vida e o rumo ano 2009.

Mais ou menos em março do ano passado eu conheci uma garota que marcou pra sempre aquele ano, sabem aquela pessoa que conhecemos e desenvolvemos uma conexão tão grande que você percebe que a amizade começa a evoluir para algo maior vindo das duas partes? Mas, para poder contar essa história vou usar um texto que escrevi para essa pessoa.

Minha vida sempre foi aquilo que eu sonhei. Jamais desejei muito além do que eu sabia que podia ter, isso, pelo menos, até te encontrar, e ver que eu desejava realmente muito pouco do que o mundo podia me dar. Afinal, eu percebi que poderia ser o dono do universo por apenas um toque seu, que poderia esticar meus dedos e alcançar as estrelas só para te ter ao meu lado. Que nada era grande demais, eu que sempre me fiz de pequeno. Até perceber que, na verdade, eu podia ser um porto seguro, por você.

Iria de olhos vendados até os confins da terra se você estivesse ao meu lado, me guiando, pois confio cegamente em você. Você sabe que não sou de…

Perceberam que esse começo ficou meio megalomaníaco? Depois essa história de confiar cegamente… Ok, eu confio, mas do jeito que eu escrevi ficou parecendo que não tenho opinião própria e deixo ela decidir tudo por mim…

Ta, mais uma tentativa ok…

Costumava pensar na minha vida como uma floresta (só não decidia se seria tropical, temperada ou simplesmente floresta mesmo), mas sempre imaginei como algo denso e cheio de organismos que formavam um todo pulsante, vivo, extremamente dependente de todo e pequeno detalhe. No entanto, no meio de toda essa vida, desta luta por sobrevivência, havia, em um lugar muito importante, uma grande clareira. A vida também pulsava lá, de forma cálida, todavia nenhum ser de grande porte ousara se estabelecer ali. Era uma clareira solitária, talvez até assombrada por espíritos de pessoas que se desfizeram antes de alcançar o interior da mata, densa demais para o espírito fraco, que agora assombrava o meu coração.

Sim, a clareira, dentro da mata, era como o vazio do meu coração, um vazio jamais verdadeiramente ocupado. Ouso dizer que esse vazio existia unicamente para ser preenchido por ela, eu acho.

Dramaticamente romântico. Eu sei. Estou me arriscando por um caminho no qual não estou seguro. Como uma criança andando sobre um lago congelado, trilhando algo incerto, e sem saber se afundará a qualquer momento, pisando num local frágil demais, sem imaginar. Mas, por ela, vou me arriscar só mais um pouco por sobre esta vastidão de gelo fino porque, de repente, me sinto confiante.

Mas por falar em lago, me lembrei do dia em que a conheci (E não me perguntem por que um lago, pois eu não sei responder), aquele foi, pra mim, o primeiro momento no qual me dei conta do que sentia. Ela era tão… Diferente.

Lembro que naquele dia eu levantei mais cedo porque fui arrancado de meu sono por um sonho muito estranho no qual havia risadas assustadoras e, depois de acordar, não consegui voltar a dormir. Apenas pensava no terror pelo qual passara. Vocês talvez nunca tenham noção do que é acordar suado com risadas nem um pouco amigáveis ressonando dentro da cabeça. E principalmente sendo elas vindas de um amigo meu chamado Felipe.

Lembro também que o dia nem bem amanhecia aqui na ilha. Não sei o que me deu, resolvi sair de casa por um tempo, passear, assistir o nascer do sol, talvez, visto que esse ainda se encontrava levantando atrás do morro do francês.

Então segui meu dia normalmente, fiz os meus afazeres em casa, depois fui pra TV Golfinho gravar o Balaiocast que era um programa de radio que eu tinha na internet junto com a Thânia Brito, mas isso não vem ao caso, o importante é que logo depois eu voltei correndo pra casa, pois logo à noite eu teria a minha tortura chamada Matemática, física e química resumindo os estudos.

Lembro que quando cheguei o pessoal estava falando que a namorada de Evandro estava na ilha e estudando com ele, eu pensei “Poxa Evandro não me falou nada? Isso é que é amigo do peito?” O tempo passou e quando foi na hora do lanche fui conferir essa tal namorada dele. E pasme eu fiquei completamente sem ação quando vi aquela moça que estava ao lado do meu amigo gigante.

E quando descobri que não era a namorada dele pense no alivio que eu tive, pois eu estava me culpando por está gostando da namorada do meu melhor amigo. Mas tudo foi resolvido e lembro que uns dois dias depois eu falei com ela na sala de informática não lembro direito qual foi o assunto, mas lembro de ter perguntado se eu podia adicioná-la no Orkut. Foi a primeira frase que eu disse, assim, de verdade, por vontade própria e sem ser no meio de uma conversa com outras pessoas (e pensando bem que coisa sem lógica). E ela deu aquele sorriso estranho, que parece sempre capaz de ler a mente dos outros.

Mesmo assim acho que ela nem deve lembrar desse dia, mas não pude evitar de me pegar descrevendo essa cena, porque acho que foi a primeira vez que alguém espantou um fantasma da minha clareira assombrada. Nós não conversamos muito, não trocamos muitas frases. Apenas ficamos um ao lado do outro, em silêncio e ela olhando as minhas comunidades no meu perfil.

Depois daquela cena curiosa, eu fui para casa e me sentei de frente para o ventilador, e pensei sobre o que acabara de acontecer. Foi mágico, por assim dizer, brincando um pouco com esta palavra. Eu nem sabia dos dias que estavam por vir, então as semanas foram passando e a nossa amizade aumentando, lembro que um dia antes de viajar eu estava angustiado tipo com um pressentimento de que algo ruim ia acontecer, e se fosse em outros tempos só o fato de viajar pra Natal era motivo para que ficasse super feliz em sair desse fim de mundo, mas naquela manhã pela primeira vez eu não queria sair de Noronha pois sabia que a clareira dentro de mim voltaria a ser solitária.

Agora, tanto tempo depois, sentado em minha cama, digitando um texto que eu não sei se vou postar ou ler em voz alta (ops! Eu sou gago né? Que droga!!), tenho um sorriso nostálgico no rosto. Daria tudo para poder ter aquela garota ao meu lado agora, para ver as outras pessoas me olhando torto. Possivelmente eles não acreditam que há no mundo uma outra pessoa tão boba ou tão feliz como eu.

Talvez vocês se perguntem o que uma pessoa sem talento para a escrita, como eu, se encontra sentado numa cama, arriscando algumas palavras tortas e até ser ridicularizado. O fato é que eu sou maluco. Arriscando tudo isso pra nada, ou melhor, me arriscando a perder tudo por causa de uma Reminiscência.



Continua...

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